12 Mar Que influência têm as redes sociais no consumo alimentar?
As redes sociais são um “ponto de encontro” importante para as marcas, que, de forma rápida, envolvente e dinâmica podem interagir com os seus consumidores.
O comportamento do consumidor nas redes sociais é o reflexo de uma série de mudanças causadas pelo avanço da tecnologia e da transformação digital nas empresas. O maior acesso à internet e a proliferação de smartphones são os principais responsáveis por essa reconfiguração de comportamentos.
Atualmente, as pessoas estão cada vez mais conectadas e as redes sociais tornaram-se um espaço para discussões e partilha de experiências, tanto positivas quanto negativas. Quando transferimos essa realidade para o mundo corporativo, percebemos que as redes sociais exercem impacto na relação entre os consumidores e as marcas. Essas plataformas representam uma fonte de informação sobre determinado produto ou serviço, e mais, sobre quais são os valores das empresas, aquilo em que acreditam e defendem em relação a causas sociais e à sustentabilidade do planeta.
As empresas, por sua vez, enfrentam o desafio de se adaptarem a essa nova dinâmica de consumo e aproximarem-se do seu público-alvo. Criar um perfil corporativo e participar efetivamente das discussões no ambiente digital passou a ser obrigatório para as marcas que querem garantir presença e competitividade no mercado.
Considerar o que o público pensa a respeito dos produtos e serviços que a empresa oferece passa a ser fundamental para o sucesso comercial, tendo em vista que mais de 80% dos consumidores assumem ler os comentários de outros seguidores antes de adquirir determinado produto ou serviço pela primeira vez.
Posto isto, as redes sociais representam uma oportunidade e ao mesmo tempo um desafio para as marcas interagirem, aproximarem-se e conhecerem melhor o seu público-alvo. Com os consumidores cada vez mais conectados e atentos, as redes sociais acabam por ser uma maneira de manter um diálogo aberto com eles. Ou seja, o comportamento do consumidor nesses meios está fortemente pautado na interatividade e no engajamento com outros consumidores e com as marcas de interesse.
Hoje em dia, os consumidores sentem-se mais à vontade para fazer reclamações ou elogios a determinada marca, e é aí que está a importância de ficar alerta e monitorar as suas redes sociais: uma simples publicação pode melhorar ou prejudicar a imagem da empresa significativamente.
O engajamento dos consumidores em comunidades virtuais permite a troca de informações sobre produtos e serviços, e o facto de ter recomendações positivas é muito importante, como confirmam os últimos dados.
Antes de efetuar uma compra na loja física, mais de metade dos inquiridos admitiram utilizar o smartphone para ler comentários sobre aquilo que desejam adquirir. E mesmo dotado dessas opiniões, o consumidor não está satisfeito e ainda quer encontrar o menor preço.
A maioria dos utilizadores millennials já recorreram ao smartphone com o intuito de comparar preços, dentro da própria loja. Ou seja, o consumidor tem hoje mais autonomia para escolher o que consumir, o que representa também ter mais poder, pois pode confrontar o vendedor através de preços e outros atributos oferecidos pela concorrência.
Concluindo, o avanço tecnológico deu mais poder aos consumidores que, com as redes sociais, têm uma voz mais ativa para dizerem o que gostam e o que não gostam. Dessa forma, segue-se a adaptação das marcas, que compreendem e se adaptam a essa nova dinâmica nas relações de consumo.
Fotografar e depois comer…
Milhares de pessoas publicam centenas de fotos de comida por dia nas redes sociais e a maioria indica uma rotina de alimentação saudável com orientações e dicas alimentares. Este meio tornou-se numa ferramenta poderosa e a indústria alimentar está ciente da sua influência na transformação de comportamentos de compra e consumo.
Plataformas como o Facebook e Instagram tornaram-se rapidamente numa ferramenta de marketing de ponta para a indústria de alimentos, bem como muitas outras empresas. O que ninguém imaginava é que estas aplicações teriam tanta influência na “vida real” das pessoas.
A sua popularidade é palco para a exposição de produtos e serviços dos mais variados setores que encontram no seu potencial de divulgação para gerar frutos tangíveis, como o aumento no número de compradores ou clientes e na fama daquele negócio. Entre muitas áreas possíveis de exposição no Instagram e no Facebook, a da alimentação é uma das que mais ganhou destaque e o tirar fotografias à comida para partilhar com os amigos tornou-se numa moda que dominou estas plataformas.
O peso das redes sociais, nomeadamente o Instagram, tornou-se enorme para os restaurantes e outros estabelecimentos que comercializam alimentos e onde existem designers especializados em criar ambientes e decorá-los pensando especificamente em aparecer na plataforma de fotografias. O ambiente todo traz a iluminação perfeita e a decoração inclui elementos que são realçados nas fotografias da aplicação.
É claro que a parte visual de um restaurante é uma preocupação dos empresários há muito tempo, mesmo antes da internet. A diferença é que, anteriormente, a aparência de um estabelecimento levava em conta a experiência do cliente naquele momento e na “vida real”. Os elementos eram pensados para passar uma sensação complementar ao consumidor além da experiência gastronómica. Agora, a preocupação é com o que vai aparecer nas fotografias, especificamente aquelas que podem ser partilhadas entre milhões de pessoas através das famosas hashtags.
Além da aparência de restaurantes, cafés e outros estabelecimentos dessa natureza, esta tendência levou chefes do mundo inteiro a adaptarem os seus pratos, no intuito de saírem mais bonitos para serem apresentados nas redes sociais. E ainda fez com que empresas alterassem os seus produtos ou que fossem produzidas novas criações comestíveis totalmente focadas nas possíveis partilhas da plataforma.
A pensar na exposição imensa que boas fotos no Instagram podem produzir para o estabelecimento, um restaurante de Londres chamado Dirty Bones chegou a oferecer um kit aos seus clientes para captarem imagens quase profissionais dos seus próprios pratos. Entre os acessórios fornecidos estão lentes wide angle, pau de selfie e iluminação de LED.
Os pratos do restaurante em questão também são pensados no quão fotogénicos podem ser. Cores, texturas, formatos, tudo é levado em conta na hora de criar uma nova refeição no Dirty Bones ou num desses restaurantes que têm o Instagram como alvo.
De acordo com uma declaração do Dirty Bones, a criação desse kit vem de “um reconhecimento do movimento e da importância do Instagram na atual cultura ‘foodie’” e de um desejo de “permitir aos clientes partilharem as melhores qualidades do Dirty Bones sem comprometer o clima e o design”.
Esta tendência não demorou a chegar a Portugal. Atualmente, tudo é pensado ao milímetro para partilhar uma boa foto de comida. Já há promoções que envolvem a partilha de conteúdo com hashtags especiais e estas plataformas tornaram-se numa fonte de pesquisa para quem quer conhecer melhor um estabelecimento antes de marcar mesa.
Isto é só uma prova de que a tendência veio para ficar com as chamadas gerações Millenialls e Z que procuram cada vez mais este tipo de produto e serviço. E significa também que esses jovens adultos estão a abrir os seus próprios negócios que, obviamente, vão refletir a realidade da sua cultura, na qual a partilha de fotos daquilo que comem e do restaurante onde estão faz parte da experiência gastronómica como um todo.